quinta-feira, setembro 14, 2006
Vamos lá virar a Almofada
Cultura WC
No “Às Voltas na Almofada” de hoje vou falar de um tipo de cultura estritamente nacional. É certo que podia falar da “apanha do figo” ou do cultivo da cenoura, mas nisso os espanhóis são melhores que nós, mas também é só nisso...
Adiante, estava eu ontem a pensar ainda no nome que os portugueses podiam dar à casa de banho, quando me lembrei dessa cultura que tanto orgulha o povo nacional, a “Cultura WC”, quem nunca se confrontou com pensamentos e devaneios que tanto colorido dão às paredes e portas das nossas casas de banho públicas! Qual muro das lamentações, o povo português encontra entretenimento para tudo e nada melhor que a porta ou parede de uma casa de banho para deixar imortalizado o momento, já que além dos pensamentos essas pessoas fazem questão de colocar a data, que é para mais tarde recordar, mas a data, acaba por ser um preciosismo, já que no fundo o importante a reter aqui é quem escreve, porque as mensagens são praticamente todas assinadas, o que mostra a originalidade e ao que julgo à frases da “Cultura WC”, que já são marca registada e estão patenteadas na Sociedade Portuguesa de Autores, não vá haver algum “chico esperto” a copiar frases como “Mi Liga Vai...”. Mas meus amigos estas frases são a roçar o mau gosto, porquê? Porque não têm número de telemóvel...
Mas nesta coisa da “Cultura WC” há coisas que eu não entendo, como é que uma frases do género “Rapariga loira, de olhos azuis, procura rapaz...”, como é que uma frase destas vai parar a um sanitário masculino? Isto das duas, três, ou são as empregadas de limpeza, o que não acredito, já que trabalho têm elas a tentar limpar as portas, quanto mais a perder tempo para escrever, pode ser ainda um indeciso, que acordou com o seu instinto feminino mais solto, o que é uma boa hipótese, ou então pode ser a Filipa Gonçalves...
Mas há que tentar descobrir o que levou aos portugueses a criarem esta cultura tão emblemática e já com história por essa Europa fora. Eu acredito vivamente que isto tenha surgido já no tempo do paleolítico, o tempo das gravuras de Foz Côa, essas gravuras na são parecidas com algumas vistas na “Cultura WC”. Mas como se sabe muita gente quando está num “Gabinete de Depósito”, gosta de estar a ler o seu jornal, o seu livro, ou até mesmo a fazer umas palavras cruzadas, mas como se sabe o nível de leitura em Portugal tem baixado, porquê? Porque agora ocupa-se o tempo na “Cultura WC” e isto surge como uma questão de habituação, imitação e em alguns casos de dependência, acredito que hajam pessoas que não passem um dia sem irem a um sanitário público só para deixarem o seu pensamento do dia, estes são aqueles a quem eu apelido de “Poetas do Depósito”, já que no fundo eles são a vida desta cultura.
Esta cultura tem poemas maravilhosos, coisas que daria para estarmos cá uma eternidade, mas realço um que achei extremamente original, vi-o uma vez numa tampa de sanita que estava para baixo, dizia o seguinte: “Aqui Jaz... O Meu Almoço”, escusado será dizer o que estava na sanita quando levantei a tampa.
Boas voltas, amanhã há mais às 9.20 horas na Azeméis FM Rádio, em 89,7 Mhz ou em www.azfm.com
Abraço BQ.
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